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Futebol: Os 7 pecados capitais do Juventus no Catarinense

© Henrique Porto (Agência Avante!)

© Henrique Porto (Agência Avante!)

O início de 2014 foi turbulento pelos lados do Estádio João Marcatto. Polêmicas dentro e fora de campo, falta de transparência nas ações, dificuldades para se obter patrocínios e uma presidência interina – que já dura mais de um ano – colocaram o Juventus em evidência não apenas nas páginas de esporte dos jornais.

Como consequência de tudo isso, o clube foi rebaixado à Segunda Divisão do futebol de Santa Catarina. Passados alguns dias da queda, com os ânimos mais serenos, apresentamos e analisamos a seguir os ‘sete pecados capitais’ do Moleque Travesso na competição, que acabaram culminando no descenso. Confira:

1. Estrutura

Assunto bastante comentado, a questão da falta de estrutura pode ser avaliada sobre várias óticas. O presidente interino garante que fez tudo o que estava ao seu alcance. O ex-gerente de futebol Marcelo Harassen afirma que este foi um problema. Uma coisa é certa: o clube falhou neste ponto.

Acompanhando os treinamentos quase que diariamente, constatamos muitas dessas dificuldades, como a falta de fisioterapeuta em boa parte da competição, a dificuldade de se encontrar locais para treinar, a falta de bolas específicas e até mesmo a questão da alimentação, que na partida contra a Chapecoense, na primeira rodada, chegou na forma de ‘quentinha’.

© Divulgação

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2. Preparação

O Juventus foi uma das primeiras equipes a iniciar sua preparação ao Campeonato Catarinense. Porém, treinou muito, mas jogou pouco. Uma opção do então técnico Milton do Ó, que acabou mascarando problemas graves da equipe – como o do setor defensivo – que também foram ofuscados pelas vitórias sobre Chapecoense e Atlético.

O time passou o resto do certame tentando achar o onze ideal. A título de comparação, no primeiro jogo a zaga foi formada por João Antônio e Neto, com Lucas Staudt de voltante. Já na última partida, João Antônio e Neto foram volantes, com Lucas Staudt atuando de zagueiro. Como diria o velho ditado, “treino é treino e jogo é jogo”.

3. Troca de comando

Difícil apontar com certeza, mas a troca de Milton do Ó por Celso Teixeira talvez tenha sido o maior erro da temporada. Enquanto Milton do Ó ostentava um aproveitamento de 38,8% dos pontos, Celso Teixeira conquistou apenas 6,66% deles. Milton era praticamente imbatível dentro de casa, apesar de ser presa fácil além da Ponte do Portal.

Já Teixeira somou apenas um ponto jogando no João Marcatto, dos seis que disputou. Sua competência não está em debate, mas seu jeito explosivo não colou e também projetou o clube negativamente, inclusive na mídia internacional (vide o ‘Caso Maira Labes’).

4. Papéis confusos

Complicado cobrar algo dos atletas quando o próprio clube não conseguiu definir os atores e seus papéis fora de campo. E isso se intensificou após a saída do gerente de futebol Marcelo Harassen. Inicialmente, Rodrigão Pellens assumiu sua função. Porém, por motivos particulares, se afastou.

Aparece então a figura de José Neto, um empresário de atletas, que depois de atuar por alguns dias na função de Rodrigão, convocou uma coletiva de imprensa onde sua primeira fala foi desmentir que seria o gerente de futebol. Complicado? Imagina para quem estava lá dentro.

5. Descrédito

Se fazer futebol profissional é complicado por si só, imagina fazer sem dinheiro. A questão financeira influenciou diretamente na montagem e na qualidade do elenco, já que se tinha um limite de gastos a ser observado, levando em conta o dinheiro que o clube receberia da televisão.

Com baixa arrecadação nas bilheterias, pouca adesão ao programa de sócios e patrocinadores escassos (a maior parte deles de fora da cidade), por vezes foi preciso recorrer a ajuda de terceiros para manter as contas em dia. Em tempo, segundo o presidente interino, o clube gastou cerca de R$ 700 mil durante a competição.

6. Busca por culpados

Em entrevista após o jogo em Brusque, o presidente interino culpou a torcida e a imprensa pelo rebaixamento, apesar de nenhum dos dois entrarem em campo, marcarem gols ou defenderem bolas. É certo que o dirigente do clube estava de cabeça quente, pois viu a instituição dar um passo atrás.

Porém, nessas horas é preciso manter a cabeça fria e ponderar com calma sobre os fatores que levaram o Juventus de volta à Segunda Divisão, já que sempre é mais fácil apontar culpados do que admitir seus próprios erros. E é analisando os próprios erros que se cresce, seja na vida ou no esporte.

7. A DirEUtoria

Em um ano à frente do Juventus, o presidente interino não conseguiu montar uma nominata de diretoria. Trabalhando sozinho à frente da instituição, sem aconselhamento, tomou as decisões que considerava conveniente, como a manutenção do atacante Jabá, após se envolver em uma polêmica que ganhou repercussão nacional.

Porém, sua maior falha foi a falta de transparência na gestão (até hoje não se sabe quanto custou a ‘reforma’ do gramado, realizada antes do Catarinense). Sempre na defensiva, prefere acusar a contornar as situações. Foi assim quando estourou uma polêmica sobre o atraso de salários, por exemplo.

Em um clube na situação do Juventus, o discurso de ‘as portas estão sempre abertas’ não cola. É preciso vir a público esclarecer e provar se as informações são verdadeiras ou não. Também é preciso controle emocional, pois sempre é mais fácil ser pedra do que vidraça. E o Juventus é uma vidraça.

[Conteúdo originalmente produzido para o cliente O Correio do Povo]

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