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Estado

Congelante: SC já teve partidas de futebol disputadas com muita neve

Uma grande massa de ar polar deve atingir Santa Catarina nos próximos dias, que pode até resultar na formação de neve em diversas regiões do Estado.

O efeito climático chega a ser comum em alguns lugares nessa época do ano, mas no esporte, especificamente em uma partida de futebol é improvável isso acontecer.

Mas poucos sabem, que o inusitado encontro entre futebol e neve já ocorreu por oito vezes no Brasil, sendo três em Santa Catarina.

Foto: Arquivo Folha da Manhã

Mais curioso ainda é que os três jogos em terras catarinenses aconteceram na mesma noite do dia 30 de maio de 1979, envolvendo os confrontos entre Chapecoense x Criciúma, Caçadorense x Palmeiras de Blumenau e Internacional de Lages x Avaí.

As demais partidas sob a neve no país foram realizadas no Rio Grande do Sul, também na década de 70, pelos respectivos Campeonatos Estaduais.

Todas as histórias e detalhes dos bastidores dos jogos estão em um livro escrito pelo arqueólogo esportivo Henrique Sudatti Porto, intitulado de ‘Pé-frio, futebol e neve no Brasil’, que foi lançado recentemente pelo jaraguaense.

Confira abaixo um pouco mais sobre os jogos com registro de nevasca em Santa Catarina:

Chapecoense 3×2 Criciúma – 30/05/1979 – Chapecó (SC)

Com uma temperatura que chegou a dois graus negativos, Chapecoense e Criciúma entraram em campo, no estádio Índio Condá, sob uma forte nevada que não ocorria há uma década no Oeste catarinense.

O frio era tão intenso que o goleiro Jurandir Ascendio da Cunha, do Tigre, jogou com uma meia-calça de baixo do uniforme e jornais enrolados nas pernas como uma segunda pele, além do roupeiro do clube servir café com conhaque para manter os jogadores aquecidos.

Foto: Arquivo O Pioneiro

Apenas 178 torcedores acompanharam a partida, sendo que 30 deles até acenderam uma fogueira na arquibancada descoberta. Apesar do frio, o jogo foi movimentado e terminou com vitória da Chape por 3 a 2.

Se não bastasse a derrota, os jogadores do Criciúma nem puderam tomar banho após o jogo, já que a água congelou pelos canos do estádio e tiveram que improvisar passando pano molhado pelo corpo.

Caçadorense 3×1 Palmeiras – 30/05/1979 – Caçador (SC)

O acúmulo de mais de 10 centímetros de neve sobre o campo e uma temperatura que bateu os três graus negativos não impediu a realização do jogo entre Caçadorense e Palmeiras, de Blumenau, no estádio Doutor Carlos Alberto da Costa Neves.

Assim como em Chapecó, o duelo em Caçador foi agitado, com direito a virada, ameaça de morte ao árbitro no intervalo, substituição de assistente após ser atingido no rosto por uma pedra arremessada por um torcedor e agressão entre jogadores.

Entre tantas polêmicas, os atletas tentavam amenizar o frio com doses de café e conhaque e também não conseguiram tomar banho ao final do jogo, que terminou com vitória por 3 a 1 para a Caçadorense, por conta da água ter congelado nos encanamentos do estádio.

Internacional de Lages 1×1 Avaí – 30/05/1979 – Lages (SC)

Até hoje, não se sabe a temperatura exata na hora do jogo entre Inter de Lages e Avaí, no estádio Vidal Ramos Júnior, mas os veículos de imprensa apontaram entre dois e quatro graus negativos, com uma sensação térmica de -20º.

Pior para o Avaí, que não esperava tanto frio, e levou apenas uniformes de mangas curtas à serra catarinense.

Com isso, os atletas precisaram improvisar, como vestir o agasalho de treino por debaixo do uniforme, calçar luvas, esconder as mãos por dentro da manga do casaco ou revestir o pé com jornal.

Foto: Acervo Pessoal/Adalberto Klüser

Além disso, foi acendido uma fogueira no canto do vestiário e os jogadores das duas equipes tomaram muito conhaque e café.

O placar do jogo, que acabou ficando em segundo plano por conta do frio intenso, terminou em 1 a 1.

Sobre o livro

Foram quatro anos de pesquisa e mais de 10 entrevistas até Henrique Porto publicar o livro ‘Pé-frio, futebol e neve no Brasil’.

O autor pesquisou em arquivos de jornais da época e entrevistou jogadores e torcedores presentes aos estádios para levantar as informações sobre as condições climáticas tão raras e adversas.

Entre eles, até o técnico Felipão que esteve em campo pelo Caxias em dois jogos sob a neve. Os causos completos e com detalhes muito curiosos, que até então eram desconhecidos por muita gente, estão na obra.

Além dos relatos citados, a publicação traz fotos, fichas técnicas das partidas e fichas técnicas de quase todos os atletas que entraram em campo naqueles jogos.

O exemplar está disponível no site da Design Editora (clique aqui), no valor de R$ 60, podendo ser feito em até 12x no cartão.

“É uma obra para todos que gostam de futebol, mas também para aqueles que apreciam boas histórias”, informou o autor.

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