O povo de Jaraguá do Sul se acostumou a receber grandes eventos esportivos que desembarcaram na cidade principalmente nesta década, como UFC, Liga Mundial e Copa Brasil de Vôlei.
Mas o que pouca gente sabe é que eventos deste porte já eram realizados muito antes da construção da Arena Jaraguá. E um específico, ocorrido na década de 90, surgiu como um marco para o esporte local.
Em 18 de junho de 1998, o município recebeu, pela primeira vez, uma seleção brasileira, com o amistoso de basquete entre Brasil e Portugal.
O antigo ginásio Arthur Müller ficou lotado na época com 2 mil torcedores, que viram a equipe nacional vencer os europeus por 90 a 88, em um dos últimos jogos preparatórios para o Campeonato Mundial daquele ano.
O momento histórico foi a realização de um sonho alimentado por anos, especialmente para Airton Schiochet, ex-treinador e coordenador geral do basquete masculino e feminino de Jaraguá do Sul.
O hoje coordenador técnico da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer intermediou a vinda da seleção junto ao então presidente da Federação Catarinense e vice da Confederação Brasileira, Oscar Archer.
Com ajuda de patrocinadores que já apoiavam o esporte municipal, Schiochet conseguiu trazer o amistoso, o qual ele mantém muito vivo na memória.
Afinal, segundo ele, foi a partir daquele jogo de basquete que Jaraguá do Sul demonstrou ser uma referência na organização de eventos, além de ajudar na evolução do esporte local.
“(O amistoso) Foi um marco para o esporte da cidade por ter sido a primeira seleção a vir para o município. Na década de 90, Jaraguá não era tão visto no basquete e aquele jogo ajudou na evolução da modalidade e também do nosso esporte. O evento foi um sucesso e veio provar que Jaraguá tem a tradição de fazer bons eventos. Aquele foi o primeiro e contribuiu para os outros que surgiram depois como UFC e vôlei”, destacou.
Euforia mesmo sem Oscar Schmidt
Principal nome da história do basquete brasileiro, Oscar Schmidt havia recém se aposentado da seleção e não veio a Jaraguá do Sul. Mas isso não diminuiu a euforia dos jaraguaenses.
Os organizadores da partida precisaram esconder o horário de chegada da delegação para evitar o assédio de fãs e permitir que os jogadores descansassem.
Já no dia do jogo, os torcedores ocuparam as arquibancadas muitas horas antes da bola subir, com a grande expectativa de ver aquela equipe, que até não contava com grandes estrelas, mas tinha como destaque o trabalho coletivo, sob o comando do lendário técnico Hélio Rubens.
“Tinha muita gente na expectativa que Oscar viesse, mas mesmo sem a presença dele, a vinda da seleção causou alvoroço na cidade. Todo mundo queria ver aquele time e a recepção do público foi excepcional”, conta Airton Schiochet.
O jogo
A base da seleção brasileira era, em essência, um time dos jogadores do Franca, juntando diferentes gerações que jogaram entre 90 e 98 por lá.
Hélio Rubens escalou a equipe titular com Demétrius Ferracciú, Chuí, Rogério Klafke, Pipoka e Josuel.
No banco estavam Ratto, Helinho (filho de Hélio Rubens), Caio Cazziolato, Sandro Varejão, Brasília e Janjão, além do jovem Marcelinho Machado, debutando na Seleção.
Com novo estilo de jogo após aposentadoria de Oscar Schmidt, o Brasil teve que suar, mas completou a festa dos jaraguaenses ao vencer por 90 a 88, com destaque para o pivô Pipoka, cestinha da partida com 18 pontos.
Fracasso no Mundial
Após a vitória em Jaraguá do Sul e outra na cidade de São Leopoldo-RS, ambas sobre Portugal, a seleção brasileira embarcou para disputa do Mundial, na Grécia.
Por lá, a renovada equipe comandada por Hélio Rubens não conseguiu ir muito longe. Na primeira fase, chegou a se classificar com um triunfo sobre a Coréia do Sul (76×73) e duas derrotas para Estados Unidos (59×83) e Lituânia (62×66).
Mas na segunda, não alcançou vaga para as fases finais após vencer apenas uma de seis partidas.
Na disputa do 9º lugar, foi superado para Austrália por 79 a 75, e terminou a competição em 10º, repetindo a campanha ruim do Mundial de 1994.
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