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Futebol

Força nos bastidores: conheça Hudson Moura, empresário responsável por “transformar” o Juventus

Foto: Lucas Pavin/Avante! Esportes

O ano de 2020 do Grêmio Esportivo Juventus foi inesquecível para o seu torcedor. Depois de seis anos, o clube voltou a disputar a elite do futebol catarinense e de candidato ao rebaixamento se tornou a sensação do torneio ao chegar na semifinal.

Além do grande trabalho dentro das quatro linhas, conduzido pelo técnico Jorginho, uma boa parcela para essa mudança de patamar se deu fora de campo.

Em uma gestão que prega a transparência e idoneidade desde 2017, a chegada de novos dirigentes no fim da temporada passada deixou vários setores do clube ainda mais profissionais, que acabaram refletindo nos bons resultados em campo.

E não é surpresa que essa ascensão tem como um dos seus principais responsáveis o empresário Hudson Moura da Silva, de 47 anos.

Foto: Lucas Pavin/Avante! Esportes

Com uma carreira de sucesso no ramo de construção civil, o mineiro radicado em São Paulo entrou no mundo do futebol em 2015, como investidor do Clube Atlético Taboão da Serra-SP.

O desejo de implantar uma nova filosofia no jeito de comandar um clube o trouxe para Santa Catarina um ano depois.

No Estado, virou dono do Almirante Barroso, de Itajaí, onde permaneceu até o fim do ano passado, quando topou o desafio de vir a Jaraguá do Sul para ser presidente de futebol do Juventus.

Com estilo conservador, que pouco gosta de aparecer, mas figura muito presente nos bastidores, Hudson busca transformar o Moleque Travesso em clube/empresa e traça planos ambiciosos para o futuro do ‘time da cidade’, como ele costuma falar.

Em entrevista ao Avante! e OCP, o dirigente falou das mudanças no modelo de trabalho no Tricolor, o contrato entre sua empresa e clube, investimentos, projetos e muito mais.

  • Qual o modelo de trabalho que você costuma implantar em um clube de futebol?

“A minha opção é por clube/empresa de ter um comando só. Eu sou comandante aqui, mas dependo muito do respaldo que tenho da diretoria, colaboradores e staff administrativo. Tem um dono e o voto de minerva é meu, mas somos democráticos e ouvindo todas as opiniões e questões a serem ponderadas para chegar num consenso. Administro o futebol como minhas empresas, com planejamento de início, meio e fim. Chegamos aqui com a dificuldade de se manter na divisão e conseguimos ir além. Isso foi um êxito maravilhoso e entendemos que estamos no caminho certo”.

  • O que foi estipulado no contrato entre sua empresa e o Juventus?

“Eu represento um grupo de investidores e aqui tenho uma concessão por 20 anos e 95% da gestão (5% é da parte estatutária). Hoje é uma entidade de fins lucrativos, mas a fonte de renda do meu negócio é a formação e os jogadores que nós lançamos. O clube e a parte de futebol profissional respeitamos a cidade, que o Juventus é a paixão de Jaraguá do Sul. Esse foi o maior atrativo que nos trouxe”.

  • O Juventus já teve outras parcerias que foram encerradas antes do previsto por vários motivos. Existe algum tipo de cláusula com a sua empresa?

“Não. A cláusula principal é a autonomia total e o investimento que fizemos. A nossa opção é diferenciada nesse sentido. Como falei, administro aqui como minhas empresas e não se frutifica se não houver investimento. Então a primeira coisa foi investir no campo para se adequar ao caderno de encargos da Federação e justamente tirar essa imagem de aventureiro, que existe muito no futebol. Ao invés de pedir, nós investimos. Queremos transformar o Juventus em clube/empresa para tirar essa imagem de gestão, porque vemos que aqui tem uma capacidade imensa e o clube já evoluiu muito nessa questão do profissionalismo”.

  • Além do gramado, quais foram os outros investimentos?

“Mexemos na parte estrutural de alojamentos, de investimento para conseguir o Selo Formador da CBF e arcar com custos iniciais, porque o clube vinha numa situação difícil. O valor que recebemos da Federação é simbólico perto dos valores que são gastos durante o campeonato. Fizemos um investimento alto e precisamos muito do apoio da cidade”.

  • Que avaliação você faz do 2020 dentro e fora de campo?

“Foi maravilhoso. Mesmo com todas as dificuldades de um clube pequeno fomos além do que queríamos. Nossa ideia era só ficar na Série A e não fomos a final por detalhes. Entendemos que o caminho do futebol é a forma que fizemos esse ano. Esperamos que em 2021, com todo esse conjunto já mencionado, seja melhor ainda”.

  • A maior dificuldade foi a busca por patrocinadores?

“Foi aquém do que esperávamos, mas a compreensão é mútua, porque infelizmente o futebol é complicado em questão de credibilidade. O Juventus hoje está em dia, pagamos todas as rescisões e salários. O pessoal já conhece a nova gestão e não tem mais a desconfiança inicial. Em momento algum, falei que estou aqui para filantropia. Eu sou investidor, empresário do ramo do futebol e deixo bem claro que estou aqui para fazer negócio e ganhar dinheiro. Mas também estou aqui para respeitar a cidade, a camisa do Juventus e fazê-la chegar o mais longe possível”.

  • Quais são os principais projetos para o clube?

“O principal no momento é concluir o Selo Formador, que já está na fase final. O outro é fazer isso aqui virar um clube de verdade e não um campo de futebol, com espaço não explorado. Estamos investindo muito na estrutura, porque queremos que o clube seja autossuficiente para nos dedicarmos só ao futebol. Temos que fomentar o social e queremos popularizar o clube. Recebemos várias propostas de eventos que a cidade quer trazer para o João Marcatto. Então queremos que o Juventus se popularize de vez”.

  • Onde o Juventus pode chegar?

“Temos um projeto interno, mas é um passo de cada vez. O principal desafio é manter a regularidade e melhorando o que foi 2020. Futebol é difícil e precisamos ter afirmação. Temos mais de 60 partidas no ano que vem. É um calendário extenso, que precisamos de investimento para montar o elenco. O Hudson não é nem um mega milionário que está aqui para colocar dinheiro. É um negócio para nós. Fizemos um alto investimento esse ano e queremos em 2021, conseguir melhorar nossa condição e recurso para fazer um elenco melhor. Mas temos um projeto de até 2024 estar jogando a Série B do Campeonato Brasileiro”.

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