O jaraguaense Raphael Marcarini vive o sonho de qualquer jovem atuante no vôlei: jogar uma semifinal de Superliga, uma das maiores competições da modalidade no mundo.
Com apenas 24 anos, ele viu essa chance acontecer justamente num ano de pandemia, de restrições e onde o esporte acabou ficando em segundo plano. Ainda assim, ele conseguiu.
Nesta quarta-feira (7), o ponteiro de 2,03m e os demais companheiros do Itapetininga começam a decidir uma vaga na final do torneio, contra o Minas, na ‘bolha’ montada em Saquarema (RJ).
Uma posição que Marcarini jamais poderia imaginar após complicações em meio a sua trajetória no time do interior paulista, que o contratou para a temporada 2020/2021.
Algumas lesões o afastaram das quadras em certos períodos e atrapalharam sua sequência de jogos. Mas ele deu a volta por cima.
Recuperado, o jaraguaense participou de todas as competições do calendário (Superliga, Copa Brasil e Campeonato Paulista) e ajudou o Itapetininga nessa caminhada histórica até a semifinal do principal campeonato do voleibol nacional.
“A sensação é de felicidade, orgulho e mostra o quanto os times de menor investimento também tem valor, com pessoas serias e dedicadas. É um momento único de cada um que está aqui pela forma que foi, pela nossa superação e briga. Estou tentando aproveitar ao máximo esse momento”, destacou.
Foram, ao menos, 10 jogos como titular e entrando em praticamente todas as partidas da temporada enquanto esteve saudável. “Estou tentando ajudar a equipe, seja com um ponto ou set inteiro. Esse é o propósito de um esporte coletivo”, disse.
E esse espírito de grupo será fundamental para o Itapetininga continuar surpreendendo o país.
Oitavo colocado na fase classificatória, o time paulista ainda tem muito vivo na memória a classificação sobre o Sada Cruzeiro, líder e maior campeão do torneio, que foi despachado na série melhor de três das quartas de final com duas derrotas (3 a 0 e 3 a 2).
Mas pode esquecer que o elenco comandado pelo técnico Pedro Uehara, o Peu, já se dá por satisfeito. Segundo Raphael Marcarini, a equipe pode aprontar sobre mais um gigante como o Minas.
“Falaram que fizemos histórias, mas nós concordamos que a nossa história ainda não foi feita. Ela continua sendo escrita. Vamos jogar a semifinal contra um excelente time (Minas), com jogadores campeões olímpicos, mas nosso time está realmente no clima de aproveitar o momento e dar seu melhor. Tem um pouco de ansiedade, mas o clima da ‘bolha’ em Saquarema vai nos trazer uma confiança ainda maior e vamos buscar a vitória”, afirmou.
Itapetininga e Minas fazem o primeiro duelo da semi nesta quarta, às 16h30. A segunda partida está marcada para o sábado (10), às 19h, e o terceiro e último confronto (se necessário) acontecerá na segunda-feira (12), também às 19h, todos com transmissão do canal SporTV.
História no vôlei
Raphael Marcarini começou a jogar voleibol aos 15 anos, em um dos polos do projeto Evoluir, na Escola Professora Gertrudes Steilein Milbratz, no Rio da Luz, onde também praticava handebol e basquete.
Até que em um campeonato escolar, o técnico Luderitz Gonçalves que cuidava das categorias Infantil e Juvenil de Jaraguá, se encantou pelo talento do então adolescente na época e o chamou para jogar na base da cidade.
Dali em diante, a carreira deslanchou. Em pouco tempo, o ponteiro já ingressou no grupo do Infanto comandado na época por Luiz Carlos ‘Kadylac’ e disputou a primeira Olesc.
Após se destacar e conquistar muitos títulos pelo município entre 2012 e 2015, ele deixou sua terra natal para jogar no Sada Cruzeiro, onde acabou se profissionalizando e dividindo com quadra com grandes nomes como Wallace, Willian e Eder Carbonera.
De lá para cá, o jaraguaense ainda atuou por Juiz de Fora e Lavras, de Minas Gerais, e Maringá, do Paraná, antes de chegar ao Itapetininga.
Além disso, teve passagens pela seleção brasileira de base, onde conquistou o vice-campeonato sul-americano Infanto/Juvenil de 2014.
“Minha maior conquista é me manter disputando o nível principal da Superliga, que é um dos principais campeonatos do mundo. É muito gratificante ter conseguido jogar essa competição por diferentes times e lugares”, enfatizou.
Base em Jaraguá e sonhos na carreira
O ponteiro hoje trilha caminho de sucesso Brasil afora, mas nunca esquece suas raízes. Para ele, a base feita em Jaraguá do Sul foi fundamental para sua formação dentro e fora de quadra.
“Fazer a base em Jaraguá foi essencial para que eu entendesse como seria o vôlei no alto rendimento. O Kadylac e o Luderitz são profissionais incríveis e aprendi muito sobre valores do esporte e disciplina, que vou levar para minha vida profissional e pessoal. Tem o Benhur também que sempre gerenciou esse projeto e todos os outros professores, que foram muito importantes na minha caminhada. Jaraguá me formou como atleta, mas além de tudo, como um ser humano”, exaltou.
Essa formação, aliás, faz com que Marcarini carregue sonhos pouco comuns visto em jovens jogadores.
Se a maioria deseja chegar a seleção e jogar nos principais clubes do Brasil e do mundo, o jaraguaense só pensa em inspirar outras pessoas a realizar seus objetivos.
“Quero me tornar referência no que faço. Gostaria de inspirar crianças, pessoas que não acreditam no seu potencial e se vejam sem tanta pré-disposição a fazer alguma coisa, mas que se acreditarem em seu propósito podem chegar muito longe. Esse é o meu objetivo de trazer de dentro da quadra para fora. Quero mostrar para todo mundo que você pode realizar grandes coisas se for dedicado, disciplinado e realmente estiver disposto a pagar o preço”, finalizou.