© Henrique Porto (Agência Avante!)
Quem acompanhou a primeira fase do Campeonato Varzeano, encerrada no último fim de semana, talvez não tenha reparado no grande feito do Colegial Futebol Clube, fato que acabou maquiado por suas três derrotas e os doze gols sofridos.
Mas a equipe novata na disputa conseguiu deixar a sua marca. Feito este, que dificilmente será igualado em uma competição tão parelha e pegada do nosso futebol amador: passou toda a fase inicial da disputa sem levar um único cartão. Ou seja, foram 240 minutos sem ter algum atleta advertido pela arbitragem.
O feito é comemorado pelo misto de técnico e dirigente Airson Mathias, grande responsável pela formação da equipe que representou o bairro Rio Cerro. No elenco, muitos amigos do tempo de escola e por isso do nome Colegial. No uniforme, as cores verde e amarelo, em homenagem ao Brasil. Aos 32 anos, casado, dois filhos, o funcionário de uma indústria têxtil da região é um dirigente que batalha pelo seu clube assim como todos os demais. Sua diferença é prezar pelo jogo limpo, tanto no esporte, como na vida.
“Sempre fui adepto do jogo limpo, não só no esporte, mas em todos os segmentos da vida. Prezo pela conversa, pelo diálogo. A violência só gera mais violência”, afirmou. “Entendo que no futebol, quando se está perdendo, não é necessário partir para a violência. É preciso olhar onde se está errando dentro de campo e tentar corrigir”, acrescentou.
Matias lembra que um dos atletas de sua equipe voltava de uma suspensão de 365 dias, exatamente por ter se envolvido em uma briga. Na base da conversa, convenceu o atleta, que foi um dos destaques da equipe em disciplina. Este, segundo Matias, é outro segredo do clube, o respeito a cada indivíduo. “É preciso haver um objetivo em comum, que é jogar futebol. Respeitando cada atleta, individualmente, trazemos eles para o objetivo do clube”, ponderou.
“Estou surpreso e satisfeito com o time. Apesar das derrotas, melhoramos bastante o nosso futebol e tenho certeza que vamos melhorar cada vez mais”. De momento, alguns atletas estão emprestados para o Rio Cerro, para a disputa da Segunda Divisão. Retornam no início do ano que vem, quando o Colegial deseja participar de competições preparatórias, para chegar mais condicionado ao Varzeano. “Nosso objetivo é voltar no ano que vem. Com certeza os melhores atletas irão ficar e o nosso desempenho será para melhor”, concluiu Mathias.
Com a bola rolando, o Colegial Futebol Clube pode até ter ficado devendo. Porém, se depender de jogo limpo, ou ‘fair play’, a equipe já é nota dez.
[Conteúdo originalmente produzido para o cliente O Correio do Povo]
